A quebra na safra de soja 2018/19 de Paraná e Mato Grosso do Sul já supera, efetivamente, os 10% em cada um dos estados, avalia a Agroconsult, que acompanhou a colheita nessas regiões nos últimos dias e considera mais cortes na estimativa para a produção nacional após os rendimentos observados.
Paraná e Mato Grosso do Sul, respectivamente o segundo e o quinto maior produtor de soja do país, foram os mais afetados pelo tempo quente e seco desde dezembro, com prejuízos principalmente à oleaginosa plantada antecipadamente.
Na semana passada, o Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Paraná, reduziu em 12% sua expectativa para a colheita neste ano no Estado, para 16,8 milhões de toneladas.
“O norte do Paraná, o oeste do Paraná e o sul de Mato Grosso do Sul foram muito afetados, reduziu-se muito o potencial produtivo”, afirmou o sócio analista da Agroconsult, André Debastiani, destacando que há locais com rendimentos na casa de 30 sacas por hectare, chegando a ser menos da metade na comparação anual.
Ainda assim, ele pontuou que as produtividades não estão uniformes nesta temporada, com áreas em melhor situação perto de outras em pior. “Este ano está muito irregular.”
Equipes da Agroconsult visitaram lavouras de soja de ambos os estados na semana passada em meio à expedição Rally da Safra.
Nesta semana, a Reuters acompanha os técnicos da consultoria que passarão por plantações no norte de Mato Grosso do Sul, sudoeste de Goiás e sudeste de Mato Grosso.
Mais perdas
Por ora, a consultoria estima que o Brasil colherá neste ano 117,6 milhões de toneladas de soja, ainda o segundo maior volume da história após o recorde de 119,3 milhões no ano passado, mas bem aquém do potencial superior a 120 milhões que se traçava antes do tempo adverso.
E mais perdas devem se concretizar, segundo Debastiani.
“Eu diria que esses 117 milhões têm viés de baixa. Já sabemos que Bahia e Maranhão estão secos e que o próprio Mato Grosso do Sul continua muito quente… Diminuir mais 1 (milhão) ou 2 milhões de toneladas é factível”, afirmou o analista, referindo-se ao total esperado para o Brasis.
Uma nova redução na perspectiva de colheita adicionaria pressão sobre a oferta exportável, tendo em vista que o país, o maior exportador mundial de soja em grão, virou o ano com estoques praticamente zerados após embarques históricos de quase 84 milhões de toneladas em 2018.
Debastiani comentou ainda que, no que tange a pragas e doenças, o atual ciclo de soja está “mais tranquilo”.
A colheita de soja da safra 2018/19 começou no fim do ano passado. Até o momento, pouco mais de 10% da área do Brasil já foi colhida.